Grupo é condenado por operar call center e aplicar golpe contra aposentados na PB
Um grupo de quatro pessoas foi condenado nesta quinta-feira (29) sob a acusação de envolvimento em um esquema de estelionato e associação criminosa, operado por meio da empresa Nordeste Brasil Ltda. Os crimes exploravam a vulnerabilidade de beneficiários do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), principalmente idosos, mediante falsas promessas de ganhos financeiros, resultando em prejuízos às vítimas.
A sentença foi prolatada pelo juiz titular da 7ª Vara Criminal da Comarca de João Pessoa, Geraldo Emílio Porto. De acordo com a denúncia do Ministério Público, ao longo de 2022, os réus se organizaram de forma meticulosa para enganar inúmeras vítimas, induzindo-as a acreditar que poderiam lucrar com a venda de supostos pontos acumulados em cartões de crédito.
Para tanto, a empresa Nordeste Brasil Ltda foi constituída e operava um call center que fazia contato com as vítimas, informando que elas possuíam créditos significativos em seus cartões, que poderiam ser convertidos em dinheiro. Com isso, as vítimas eram convencidas a realizar empréstimos consignados, sob a promessa de que o valor seria investido ou utilizado para compra dos supostos pontos. Na verdade, os valores eram desviados para contas ligadas à empresa, deixando as vítimas com dívidas significativas.
“A condenação dos réus marca um passo importante na responsabilização dos envolvidos e serve como um alerta tanto para a população quanto para os operadores do direito sobre a importância de vigilância constante e de respostas rigorosas diante de crimes que causam prejuízos tão profundos à sociedade”, comentou Geraldo Emílio Porto. O magistrado disse, também, que a condenação dos envolvidos envia uma mensagem clara de que o sistema de Justiça está atento e preparado para lidar com crimes dessa natureza, especialmente aqueles que afetam de maneira tão direta a parcela mais vulnerável da população.
Madson Elias da Silva foi considerado o principal líder da organização criminosa, sendo responsável pela idealização e execução das fraudes. Sua condenação foi de nove anos e meses de reclusão em regime fechado, além do pagamento de 444 dias-multa. O juiz destacou que Madson teve um papel central na coordenação do esquema, mostrando frieza e capacidade organizacional ao enganar tantas pessoas e administrar os ganhos ilícitos obtidos.
Layla Jéssica Pessoa de Andrade foi igualmente condenada a nove anos e doi meses de reclusão, além de 444 dias-multa, também a ser cumprida em regime fechado. Assim como Madson, Layla foi apontada como uma das líderes da operação, com envolvimento direto na coordenação das atividades fraudulentas e na administração dos recursos desviados. Além disso, a decisão judicial sublinhou que os réus Madson e Layla, em particular, não apenas participaram das operações fraudulentas, mas as arquitetaram e executaram de maneira sistemática, demonstrando desprezo pelas consequências devastadoras que suas ações teriam sobre as vidas das vítimas.
A terceira ré condenada foi Beatriz Félix Bezerra foi condenada a cinco anos e oito meses de reclusão e ao pagamento de 216 dias-multa, em regime semiaberto. Beatriz desempenhava um papel importante na estrutura da organização, supervisionando atividades do call center e garantindo que as operações fraudulentas fossem executadas de maneira eficiente. Já Samara Suzana Farias Eneas recebeu a mesma pena de Beatriz: cinco anos e oito meses de reclusão e 216 dias-multa, em regime semiaberto. Samara estava diretamente envolvida na execução dos golpes, tendo contato frequente com as vítimas e facilitando as transações fraudulentas.
A sentença baseou-se em uma vasta gama de provas, incluindo depoimentos de vítimas, registros de transações bancárias e interceptações telefônicas, que demonstraram a existência de uma associação criminosa bem estruturada e dedicada à prática do estelionato em larga escala. O juiz destacou que os réus agiram com dolo intenso, aproveitando-se da boa-fé e da vulnerabilidade das vítimas, muitas das quais não possuíam conhecimento ou recursos para compreender a complexidade das operações fraudulentas às quais foram submetidas.
Implicações e Impacto Social – Este caso evidencia não apenas a habilidade dos criminosos em explorar sistemas financeiros e a vulnerabilidade de grupos sociais, mas também ressalta a importância de uma resposta judicial firme. No entanto, o impacto das ações dos réus sobre as vítimas foi significativo. Muitas delas enfrentam ainda dificuldades financeiras graves devido às dívidas contraídas em decorrência dos empréstimos consignados, que elas acreditavam estar fazendo em benefício próprio, mas que na verdade foram utilizados para enriquecer ilicitamente os membros da organização criminosa.
Absolvição – Por outro lado, a sentença também absolveu as rés Rossana dos Santos, Emilly Kelly Honorato dos Santos, Camila Nascimento dos Santos e Raquel Lourenço Lucas, por insuficiência de provas. O juiz entendeu que, embora essas acusadas estivessem empregadas pela empresa Nordeste Brasil Ltda., não havia evidências suficientes para demonstrar que elas tinham conhecimento das atividades criminosas que estavam sendo realizadas. Elas atuavam, segundo o juiz, como funcionárias do call center, cumprindo ordens sem envolvimento direto ou consciente nas práticas ilícitas.